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Te amo


Cinco de novembro. Hoje fazemos dez anos de casados, são tantas lembranças boas. Acordo e do meu lado vejo o travesseiro bagunçado, você não está por perto, acredito que já tenha ido trabalhar.

Toda a casa fechada e pouca luz no local e você teve a gentileza de deixar tudo quietinho para não me acordar. Tiro meu corpo preguiçoso da cama e vou em direção ao banheiro, pego minha escova de dente e mexo suas cerdas em silêncio, cabeça baixa e sono devorador. Em minha cabeça já bate aquele desejo de chegar à cozinha e tomar aquele café que só você sabe fazer.

Entro no chuveiro e sinto cada gota d’água rachar minha pele como vidro, água gelada e fulminante, mas que começa a enfim despertar meu corpo, o sabonete desliza depressa e a urgência do dia começa a me tomar. Saio do chuveiro e não percebo sua toalha do lado da minha. Drago o ar em busca do seu perfume, da presença que você sempre deixa. Algo está diferente.

Vou em direção à cozinha, toalha enrolada no corpo. Sem sinal do café quentinho, nem o aroma de tapioca com queijo. Pratos e panelas sujas. Não são lavados há algum tempo.

As memórias vêm como uma enchente, uma avalanche no topo da montanha mais íngreme, finalmente acordo para a realidade.

Hoje fazemos dez anos de casado, mas faz um ano que você se foi. Sim, tinha algo a fazer no dia de hoje, direciono-me a sala e abraço aquele objeto de metal em um sentimento agridoce. Já não existem motivos para sorrir.

Sentado na beirada do sofá consigo sentir meus olhos marejarem, não sei se de tristeza ou de alegria, de fato hoje, vou comemorar nosso casamento ao seu lado. Te amo. Bang.


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